Coma os frutos da estação.


Não há fruto melhor do que aquele recém colhido, comido ainda em cima da arvore entre as folhagens da copa. Se você leitor já teve o prazer de viver essa experiência há de concordar. Não é algo fácil hoje em dia, por força do estilo de vida contemporâneo, pra maioria das pessoas saborear frutos assim tão frescos. No entanto não há nada que o impeça de procurar na quitanda ou feira frutos da estação para saborear, fazer um delicioso suco ou receita.

O cultivo de frutas fora de sua estação implica no uso de fortes agrotóxicos e fertilizantes químicos, daí ponto negativo da mãe natureza. A sazonalidade na demanda também encarece as frutas, pois quanto maior a produção de um alimento em sua época de safra menor será seu valor no mercado. E além de ficarem mais saborosos, segundo nutricionistas as frutas e legumes colhidos no seu período de produção natural também apresentam maior concentração de nutrientes, ponto positivo pra sua saúde.

Consumindo frutas e legumes produzidos por agricultores locais você ainda reduz os custos, financeiros e ambientais, como os de transporte e o conseqüente desperdício. Não se espera que se faça uma profunda pesquisa sempre que for consumir sua porção diária de frutas, às vezes basta perguntar pro feirante quais os frutos da estação. Com uma postura pró-ativa e um pouco de criatividade você pode reposicionar sua contribuição social e viver com mais saúde e prazer. Repense, pense eco!

Como tornar esse planeta um pouco menos agradável:

Depois de algum tempo escrevendo eco chatices nesse blog, pensei em algo mais interessante e prático: esse é o primeiro de uma série de posts com dicas e práticas úteis pra diminuir o bem estar de todos que de alguma forma dependem dos recursos naturais desse planeta. Alerto que apesar de nem todas as informações apresentadas serem fruto de experimentação cientifica direta, todas são resultado de séria pesquisa.

Algumas coisas são bem simples e divertidas. Por exemplo, espere a umidade do ar diminuir bastante e carregue sempre com você uma caixa de fósforos, não desperdice a oportunidade de incendiar uma reserva florestal, um pasto ou até mesmo um canavial as margens de uma rodovia. Agora um truque básico; cortar arvore sem autorização é crime, e embora muito dificilmente alguém vá se lembrar disso, caso o faça, há maneiras mais discretas de se eliminar essas inúteis sujadoras de calçadas. Despejo de soda nas raízes e o corte de parte da camada externa do caule são exemplos.

Outras atividades bastante agradáveis servem até mesmo para melhorar a auto-estima e o sentimento de auto-realização. Separe um pouco do seu dinheiro, vá até um shopping ou entre num site de compras coletivas e compre um monte de coisas que você provavelmente nunca vai precisar e que logo, logo, poderá descartar junto com todo tipo de lixo que você produz. Tudo junto mesmo. Com estas pequenas dicas, espero ter demonstrado como é possível fazendo muito pouco, ou mesmo nada, tornar esse planeta um lugar bem menos agradável a todos.

E o Consumo

No modelo social que desenvolvemos o consumo é natural, portanto não é bom e nem mau. A questão está na função social do consumo: criamos a cada dia uma sociedade onde as pessoas não se definem pelo que são, mas pelo que consomem, pelo que ostentam. Os estímulos ao consumo permeiam toda iniciativa comercial, desde as estratégias mais triviais como o aumento proposital do diâmetro dos bocais dos tubos de pasta de dente, e gôndolas de guloseimas estrategicamente posicionadas ao seu lado nas filas de caixa em supermercados até as mais pungentes, que balizam a própria identidade do individuo àquilo que ele consome.

Planejar o consumo é uma idéia fundamental na sustentabilidade, no entanto o mercado entende o consumo puramente como ferramenta mantenedora do atual modelo econômico. E seu planejamento tem como premissa estimular o consumo por todas as razões possíveis, a despeito da necessidade. É nesse contexto que nos deparamos com situações como o lançamento de duas ou três gerações da mesma tecnologia da moda num mesmo ano, elevando a um novo patamar o velho conceito de obsolescência planejada.

Cabe a nós questionarmos se queremos orientar nosso consumo pelo valor simbólico e discriminatório que pode ser atribuído aos bens ante ao seu real valor utilitário, e qual as conseqüências de construirmos uma sociedade baseada em consumo e crédito. Porque se por um lado é inerente ao modelo socioeconômico o consumo é também predatório por natureza, portanto existem limites também naturais. Aqui é que a sustentabilidade tem ajudado a delinear os limites do consumismo; sustentabilidade que vê pela perspectiva da interdependência e propõe sair das pirâmides sociais e econômicas, passando a viver efetivamente em rede. Temos a responsabilidade de consumir sem comprometer as gerações futuras.